O Passado Bate á Porta e as Lições de 86
Por: Almir Moreira – Advogado
Ninguém vence ou perde de véspera, só o Peru morre de véspera, não é? Muitos no exercício da política não prestam atenção a isto, qualquer vento soprado a seu favor cantam vitória antes do tempo esquecem que uma campanha não é feita de um só momento, mas da soma de vários momentos.
Quem não se recorda da celebre eleição de 86 para o governo de São Paulo? Quércia e Antônio Ermírio. O primeiro, político consagrado, figurão da oposição; o segundo, empresário de proa da economia brasileira dono da poderosa Votorantim.
A política, como sempre, com imagem sofrível. Quércia, por ser político, sofria os efeitos da imagem negativa da política. Digamos, contra ele havia pedaços de opinião publica desfavorável. Em razão disso desde quando seu nome apareceu como candidato a governador até o desenrolar da campanha figurava nas pesquisas de opinião lá embaixo. Qualquer pesquisinha lhe dava como derrotado. Só o PMDB e o próprio Quércia sabiam do que seriam capazes.
Por outro lado, Antônio Ermírio e seus partidários davam como favas contadas a vitória naquele pleito. Já o davam com Governador. Homem rico, probo, tido como grande administrador reunia solidas condições para vencer. Tudo lhe parecia favorável, mas só isso mesmo, parecia! A verdade real falaria mais alto e terminaria por se impor levando o mega empresário a nocaute.
Estabelecida a campanha, posto nas ruas o grupo quercista, exposta sua proposta, explicitada sua experiência administrativa como prefeito, questionada a imagem do adversário, mostrada sua fragilidade para a atividade, sua fala difícil e sua história de vida, logo Quércia o ultrapassaria e venceria como venceu.
Foi só começar o jogo de fato, a campanha mesmo, para logo se perceber a fragilidade política do forte empresário. Antônio Ermírio versado na arte dos negócios logo se revelou um pateta na política partidária. Nas primeiras estocadas acusou o golpe, entre elas foi acusado de promover trabalho escravo em uma de suas propriedades, por exemplo. Enfim, foi um desastre, e olha que gastou tubos de dinheiro, sustentou políticos profissionais e sua campanha, como exemplo, ficou conhecida por ter usado mil carros, o homem não brincou em serviços quando o assunto foi grana. A gastança foi grande.
Cantar vitória antes do tempo não é atitude inteligente em nada nesta vida e muito menos na política, quando menos se espera a realidade mete a cara, usei o exemplo paulista, mas entre nós já vi filme parecido. Danubia, aparentemente fraquinha na eleição passada aqui na Chapada, tornou-se gigante no final das contas, por exemplo.
O passado está sempre nos ensinando só não aprende quem não quer, o presente político chapadinhense está cheirando ao passado paulista de 86: o embate entre o político e o empresário, entre quem acha que já ganhou e quem, do ramo, sabe fazer a hora certa.
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