sábado, 14 de maio de 2011

Intervenção do governo reduz o preço dos combustíveis

A pressão exercida pelo ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, acelerou a queda de preço dos combustíveis, que era prevista e já havia sido iniciada, avaliam especialistas, distribuidoras e postos de combustíveis.
Na quinta-feira (12), os preços começaram a recuar na capital paulista, principalmente em postos da BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras. Num deles, localizado na avenida Itaquera (zona leste), o litro do álcool combustível havia baixado R$ 0,30 em um dia.
Noutro, na Avenida Conselheiro Carrão, na mesma região, a previsão era de que ontem o litro fosse reduzido em R$ 0,60, de R$ 2,39 para R$ 1,79.
"Na distribuidora, o preço do álcool combustível caiu de R$ 1,99 para R$ 1,42. Estou esperando receber uma nova remessa para baixar o valor na bomba, antes disso não será possível. Devo fazer isso sexta [ontem]", disse Robson Rego, dono do posto.
A expectativa do proprietário é que a queda de preço na bomba até o fim deste mês vai continuar, o que devolve a competitividade do álcool sobre a gasolina.
Em resposta a determinação do governo, a BR Distribuidora reduziu na quarta em 6% o preço da gasolina e em 13% o do etanol vendidos aos postos de combustíveis.
No Rio, a reportagem da Folha constatou a mesma tendência nos postos da BR. A queda no preço da gasolina foi de R$ 0,10 por litro.
A tendência é que essa decisão exerça pressão sobre as demais distribuidoras. A avaliação de quem acompanha o mercado é que a ingerência do governo sobre a BR tem um alvo: a redução forte da inflação em maio. "Como o governo precisa conter a inflação, ele antecipou a queda", diz o presidente do Sincopetro (sindicato dos postos de São Paulo), José Alberto Gouveia.
Segundo ele, as distribuidoras BR e Ipiranga reduziram, em média, em R$ 0,20 o preço do etanol hidratado. Já o valor do litro da gasolina caiu de R$ 0,05 a R$ 0,08.
"Essa retração aconteceria nesta semana e na próxima. O governo antecipou tudo para esta semana", afirma.
Demora na queda - Para Plínio Nastari, da consultoria Datagro, a queda de preço nas usinas demorou a chegar às bombas, o que fez o governo "sugerir" preços mais baixos à BR.
"O pico do etanol nas usinas foi de R$ 1,659 por litro, em 22 de março. Hoje, o preço está em R$ 0,968, uma queda de 42%", diz. Já o pico na bomba foi de R$ 2,20, na primeira semana de abril, e, até a última semana, o valor médio nos postos ainda era de R$ 2,07, recuo de só 6%.
"A queda de preço ao consumidor deveria ter ocorrido naturalmente, independentemente de qualquer orientação do governo", afirmou.
"Esse recado do Ministério de Minas e Energia induziu que houvesse essa transmissão [de queda de preço)], que não estava ocorrendo", disse. O presidente do Sindicom, Alísio Vaz, disse que os preços demoram a cair porque os estoques de etanol estão demorando a baixar.
"Se o preço continua alto na visão do consumidor, não tem como o etanol chegar à distribuidora a um preço competitivo", afirma.
(Folha Online)

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